A primeira espaçonave que aterrissou na Lua foi a Luna 2, em 1959, da União Soviética. Depois disso, várias missões foram enviadas para lá, deixando pegadas, equipamentos mortos e até mesmo fezes humanas na superfície cinzenta do satélite. Por causa disso, um grupo de cientistas está incentivando que a humanidade declare um novo período lunar.

Para quem tem pressa:

  • Com as inúmeras missões já realizadas, e que ainda acontecerão nos próximos anos, com destino à Lua, os pesquisadores sugerem um novo período lunar, onde os humanos influenciam as mudanças geológicas do local;
  • O novo período seria demarcado com o pouso da Luna 2, em 1959, na Lua e tem como objetivo evitar que seja tarde demais para ficarmos atentos ao impacto humano no satélite;
  • Na pesquisa, os cientistas pontuam que alguns dos danos causados pelos humanos podem incluir as reservas de gelo de água e a fina exosfera lunar, além de marcos importantes da história da humanidade.

O estudo publicado recentemente na revista Nature Geoscience foi conduzido por pesquisadores da área da arqueologia, geografia e antropologia e argumenta que é preciso declarar uma nova era da Lua, o Antropoceno Lunar. Esse novo período começaria com a aterrissagem da Luna 2 e marcaria a presença humana no satélite.

Os pesquisadores apontam que as discussões sobre o Antropoceno Terrestres e de como os humanos impactaram o mundo ao explorá-lo, são semelhantes às do Antropoceno Lunar. A ideia de declarar esse novo período é evitar que danos mais massivos sejam causados pela atividade humana na Lua caso haja atrasos no reconhecimento dessa nova época.

A exploração da Lua

Desde que a humanidade realizou sua primeira missão para a Lua, deixamos vestígios da nossa passagem pelo satélite. Restos de espaçonaves, equipamentos, lixos, destroços e crateras causados por impactos de astronaves marcam a presença humana na superfície lunar. 

Alguns dos itens deixados por humanos na superfície da Lua (Crédito: Holcomb et al. )

No artigo, os pesquisadores catalogaram e avaliaram o impacto dessas atividades e apontaram que as ações humanas já superam os processos geológicos naturais na superfície lunar. 

Esses processos envolvem a movimentação de sedimentos, aos quais nos referimos como ‘regolito’, na Lua. Normalmente, esses processos incluem impactos de meteoroides e eventos de movimento de massa, entre outros. No entanto, quando consideramos o impacto de rovers, landers e movimento humano, eles perturbam significativamente o regolito.

Justin Holcomb, geoarqueólogo planetário e autor do estudo, em resposta a Science Alert

Devido à nova corrida espacial e o crescimento de empresas privadas que pretendem explorar o satélite para turismo, habitação ou mineração, os pesquisadores estimam que a paisagem lunar será completamente diferente em 50 anos, podendo danificar o ambiente, incluindo as reservas de gelo de água e a fina exosfera sobre a superfície.

Além disso, com o futuro da exploração lunar, até mesmo a história da humanidade pode ser perdida. Marcos, como a primeira pegada do homem na Lua ou outros artefatos importantes das primeiras missões ao satélite, podem não ser preservados com atividade humana na superfície do satélite, isso porque apenas um esforço mínimo parece estar sendo feito para isso.