Jeff Bezos tenta provar que Blue Origin está no mesmo patamar que SpaceX
O dono de Amazon e Blue Origin, Jeff Bezos, deu entrevista ao podcast de Lex Fridman no YouTube na última quinta-feira (14). Em pouco mais de duas horas de conversa, Bezos deu muita ênfase à sua empresa de tecnologia espacial, dando um recado: a hegemonia da SpaceX está com os dias contados.
“A Blue Origin precisa ser muito mais rápida”, disse Bezos. “É uma das razões pelas quais deixei meu cargo de CEO da Amazon há alguns anos. Eu queria entrar – a Blue Origin precisa de mim agora.”
Quando eu era o CEO da Amazon, meu ponto de vista sobre isso é: ‘Se eu for o CEO de uma empresa de capital aberto, isso chamará toda a minha atenção.
Jeff Bezos, em entrevista a Lex Fridman
- Sobre a entrevista, o The Verge ressalta que Fridman e Bezos têm relação estreita;
- Fridman alcançou a fama após polêmico estudo com sobre a Tesla, seguido por entrevista com o próprio Elon Musk;
- O ex-CEO da Amazon começou a mexer na Blue Origin, dispensando CEO, chefe de P&D e o vice-presidente sênior de operações;
- Dave Limp, atual CEO da empresa rival da SpaceX, prepara o primeiro lançamento do foguete suborbital New Shepard após falha em seu motor;
- Em 2024, espera-se que o foguete New Glenn enfim vá ao espaço para a NASA;
- Essas movimentações podem estar relacionadas ao que Bezos propagou na entrevista: que a Blue Origin precisa se “mover muito mais rápido e vamos fazê-lo”.
Ponto de virada?
Na guerra contra a SpaceX, de Musk, a Blue Origin tem ficado sempre muito para trás.
A empresa já está no mercado há mais de 20 anos, mas não conseguiu ir além de nossa órbita, diferente de sua concorrente direta, que possui vários contratos com a NASA, além de já ter levados inúmeros satélites de sua empresa de internet via satélite, a Starlink, para fora de nosso planeta e formar grande constelação.
Mesmo assim, há bastante tempo que se ouvem informações de possível contrato entre Blue Origin e NASA visando a construção de uma estação espacial e de pouso na Lua, mas nada ainda é concreto.
Até 2026, espera-se que Bezos faça o mesmo que Musk: mande sua empresa espacial enviar satélites de sua empresa de internet via satélite para o Espaço. No caso, são os satélites Kuiper, da Amazon.
Bezos entende que ele e Musk “têm espaço”
Durante a entrevista a Fridman, Bezos foi cauteloso, indicando que o Espaço é grande o bastante para que ele e Musk o explorem:
Há espaço para vários vencedores e isso vai acontecer em todos os níveis. Então, a SpaceX terá sucesso com certeza. Quero que a Blue Origin tenha sucesso e espero que haja outras cinco empresas logo atrás de nós.
Jeff Bezos, em entrevista a Lex Fridman
Contudo, vale lembrar que, no passado, entre os diversos e concorridos contratos da NASA, a Blue Origin processou a agência espacial dos EUA após perder um desses contratos para a SpaceX.
E isso, sem dúvida, é algo de suma importância para as ambições de Bezos, pois, segundo a namorada de colégio do bilionário, ele só visou e conquistou uma quantia incalculável de lucro com a Amazon para poder financiar suas ambições espaciais – assim como Musk. Ou seja, a Amazon é uma espécie de trampolim para o Espaço.
Vale ressaltar que essa história foi contada para Brad Stone, que a publicou em seu livro “The Everything Store”, que conta a história de uma das varejistas mais bem-sucedidas do mundo.
Hora de aproveitar a “distração”
E, agora, parece ser a hora certa para Bezos focar na Blue Origin e trabalhar em sua divulgação, pois 2023 foi um ano bem complicado para Musk.
O bilionário australiano deixou SpaceX, Tesla, Starlink e demais empresas de lado e colocou a mão na massa apenas no X, ex-Twitter, demitindo muitos funcionários, reformulando setores e a plataforma em si e negociando para manter seus patrocinadores (e usuários). Além disso, a The Boring Company e a Neuralink estão mais na mente de seu dono.
Seguindo a entrevista, Bezos disse a Fridman que “você deseja configurar sua cultura de modo que a pessoa mais jovem possa anular a pessoa mais experiente se tiver dados”.
Ele enfatizou que muitas vezes tomou decisões das quais discordava pessoalmente porque seu subordinado que defendeu essa decisão estava “mais próximo da verdade básica do que eu”.
Confira a entrevista completa no vídeo abaixo: