Mais uma grande empresa anunciou a suspensão de todos os transportes marítimos através do Mar Vermelho. A decisão da gigante petrolífera BP foi tomada em razão dos ataques e sequestros de navios pelos Houthis, um grupo rebelde apoiado pelo Irã e que atua no Iêmen. A situação tem gerado grandes impactos ao comércio mundial e até obrigou os Estados Unidos a criar uma coalizão militar para estabelecer um corredor seguro na região.

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Efeito cascata no comércio global

  • Nos últimos dias, algumas das maiores companhias marítimas do mundo, como a dinamarquesa Maersk, suspenderam viagens ao longo do Mar Vermelho.
  • Uma análise da empresa de consultoria S&P Global Market Intelligence aponta que quase 15% dos produtos importados para a Europa, Oriente Médio e norte de África a partir da Ásia e do Golfo Pérsico passam por essa rota.
  • Isso inclui 21,5% de petróleo refinado e mais de 13% de petróleo bruto.
  • Em vez de usar o Estreito de Mandeb, onde os Houthis agem, os navios precisam percorrer uma rota mais longa para navegar na África Austral.
  • Esse trajeto acrescenta pelo menos mais 10 dias à viagem e custam milhões de dólares a mais, o que pode encarecer o preço das matérias-primas, afetando o comércio global, segundo especialistas.
  • O preço do barril do tipo Brent, referência internacional para os preços do petróleo, por exemplo, já subiu para US$ 78,44 (cerca de R$ 381,7) com o aumento das tensões.
  • Com o petróleo mais caro, o custo dos combustíveis também vai subir, impactando os preços dos fretes no Brasil, por exemplo.
  • Tudo isso elevaria a inflação por aqui e no resto do mundo, reduzindo o poder de compra da população.
  • As informações são da BBC.
Grupo rebelde Houthi (Imagem: akramalrasny/Shutterstock)

Relação dos Houthis com o Hamas

Mas por que os Houthis estão atacando navios na região? Tudo isso tem relação com a guerra entre o grupo terrorista Hamas e Israel na Faixa de Gaza.

Há semanas, os rebeldes do Iêmen declararam guerra aos israelenses. Eles são aliados do Irã e fazem parte de uma aliança islâmica na região do Oriente Médio. Por consequência, apoitam também o grupo que atua na Faixa de Gaza.

Os Houthis dizem estar atacando com drones e foguetes todos os navios que viajam para Israel. No entanto, embarcações que tinham outros destinos também já foram alvo dos rebeldes nos últimos dias. Além dos ataques propriamente ditos, eles também agem no sequestro dos navios e dos tripulantes.

O grupo atua no Estreito de Mandeb, também conhecido como Portão das Lágrimas, um canal de 32 quilômetros de largura conhecido por ser perigoso de navegar. Essa área está localizada entre o Iêmen, na Península Arábica, e Djibuti e Eritreia, na costa africana. E é a rota pela qual os navios podem chegar ao Canal de Suez vindos do sul, uma importante rota marítima.

Nesta segunda-feira (18), após pressão dos aliados, os Estados Unidos anunciaram a criação de uma força naval internacional, com a participação do Reino Unido, Bahrein, Canadá, França, Itália, Holanda, Noruega, Seicheles e Espanha. O Secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, anunciou o lançamento da Operação Prosperity Guardian para garantir a segurança do tráfego marítimo no Mar Vermelho.

Por outro lado, países como Egito e Arábia Saudita, que também são muçulmanos mas têm maior proximidade com a Casa Branca, fizeram apelos para que os EUA não criem um novo campo de batalha na região. Analistas apontam que o escalonamento do conflito, somado aos bombardeios de Israel contra a Palestina, poderia criar uma aliança islâmica contra o Ocidente.