Novo método da USP pode melhorar identificação de substâncias psicoativas
A identificação das chamadas Novas Substâncias Psicoativas (NSP) é considerada uma questão de saúde pública. De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), são moléculas desenvolvidas com finalidades ilícitas, visando a burlar as regulamentações nacionais e internacionais sobre substâncias já controladas. Elas tentam replicar ou disfarçar efeitos de outras drogas, como a maconha, cocaína, heroína, LSD, ecstasy ou metanfetamina.
Leia mais
- Brasil deve ser protagonista no combate à crise climática no mundo, segundo a USP
- USP investe em centro de IA e aprendizado de máquina; saiba mais
- USP vai colaborar com programa de combate a crimes ambientais
Novo método de identificação
A fim de melhorar a identificação das NPS, um estudo do químico Caio Henrique Pinke Rodrigues, da USP, propõe uma nova maneira de analisar essas substâncias. Um dos pilares do trabalho é a aplicação da Teoria do Funcional da Densidade (DFT), um método de química quântica computacional capaz de determinar a estrutura eletrônica de átomos e moléculas.
Essa abordagem fornece informações químicas que seriam difíceis de obter em laboratórios convencionais através das análises tradicionais. Além disso, as metodologias in silico – realizadas através de análises computacionais – dispensam a necessidade de realizar testes em animais, cultivo de células e preparação de diferentes padrões laboratoriais, oferecendo uma alternativa mais versátil e econômica, uma vez que são realizadas através de simulações computacionais para a obtenção de informações.
Os métodos in silico foram aplicados em três vertentes: detecção de substâncias, identificação estrutural e previsão de toxicidade. Essas informações são vitais para investigações criminais, análises forenses e avaliação dos riscos à saúde, segundo reportagem do Jornal da USP.
O estudo já produziu resultados significativos, fornecendo referências analíticas para diversas substâncias de interesse forense, como anfetaminas, catinonas, canabinoides sintéticos e outros compostos. Como resultado dos trabalhos, surgiu a startup Sci-Prediction, incubada no Supera Parque em Ribeirão Preto.
Como é feito o monitoramento de substâncias psicoativas
- Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam que, entre 2009 e janeiro de 2021, foram identificadas 1.124 substâncias diferentes, indicando uma média de mais de uma nova substância surgindo a cada semana.
- Entre as substâncias existem, por exemplo, a anfetamina e as catinonas.
- Atualmente, relatórios da ONU são utilizados como referência para o monitoramento e identificação das NPS.
- No Brasil, o Subsistema de Alerta Rápido, criado pelo governo federal, também fornece informações cruciais sobre as substâncias, orientando a compreensão do cenário nacional.