Uma pesquisa feita na Holanda apontou que quem trabalha de noite está mais propenso a sofrer de distúrbios do sono. Há consequências para o bem-estar físico e para a saúde mental/cognitiva.

A revista científica Frontiers in Psychiatry publicou os resultados, que analisaram os padrões de trabalho de mais de 37 mil participantes, destacando essa estreita ligação de causa e efeito.

A líder do estudo e pesquisadora do Instituto de Saúde Mental GGZ Drenthe, Dra. Marike Lancel, afirmou que os trabalhadores por turnos, especialmente nos turnos rotativos e noturnos regulares, enfrentam uma incidência substancialmente maior de distúrbios do sono do que os que seguem horários diurnos.

Há muitas evidências de que o trabalho por turnos reduz a qualidade do sono. No entanto, pouco se sabe sobre a influência dos diferentes tipos de turnos na prevalência de vários distúrbios do sono e como isso pode variar dependendo das características demográficas.

Dra. Marike Lancel, pesquisadora do Instituto de Saúde Mental GGZ Drenthe

Trabalho noturno e condição do sono

Os participantes preencheram um questionário de triagem para seis tipos de distúrbio, sendo eles:

  • Insônia;
  • Hipersonia;
  • Parassonia;
  • Distúrbios respiratórios relacionados ao sono;
  • Distúrbios do movimento relacionados ao sono;
  • Distúrbios do sono-vigília do ritmo circadiano.

A pesquisa revelou que trabalhar regularmente durante a noite é a condição mais prejudicial para o sono.

Metade dos trabalhadores noturnos relatou dormir menos de seis horas diárias, 51% disseram ter um distúrbio do sono e 26% afirmaram ter dois ou mais problemas do tipo.

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(Imagem: Freepik)

Fatores importantes

Gênero, idade e nível de educação são fatores cruciais na saúde do sono. Apesar de os homens dormirem menos horas, os distúrbios do sono são mais prevalentes entre as mulheres.

Participantes mais jovens, com 30 anos ou menos, apresentaram uma incidência maior de distúrbios do sono, especialmente aqueles com níveis educacionais mais baixos.

Os efeitos do trabalho por turnos no sono são mais proeminentes em jovens adultos com menor escolaridade.

Limitações e insights

Por fim, o estudo reconheceu suas próprias limitações. Por exemplo, pessoas com distúrbios podem estar mais propensas a participar de estudos do que aquelas com padrões de sono saudáveis.

Apesar disso, as descobertas dos autores oferecem insights cruciais para empregadores em setores onde o trabalho por turnos é comum. Ou seja, empregadores podem utilizar as informações para orientação e estratégias para redução das consequências do trabalho noturno.